terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Manual do Culto

Escreve tu somente em segunda pessoa. Isso te dará um ar de sabedoria, ainda que não tenhas muito a dizer, dizendo dessa maneira causarás mais efeito.
Lê Machado de Assis e se possível decores alguns fragmentos marcantes e insira-os em uma conversa informal.
Em toda situação, carregue um livro, de preferência raro.
Tem tu um gosto peculiar pra música. Jamais normal. Conheça tudo, repugna tudo. Terás assim um olhar crítico admirável.
Escreve alguns poemas sem o menor sentido. Ao reconhecerem a sua autoria atribuir-lhe-ão sentido à poesia que jamais imaginaste outrora.
Não faças piada, a menos que seja do tipo que ninguém seja capaz de entender. Na dúvida não faça. E jamais rias de gracejo alheio. Do contrário, ignora. Mais ainda, faze-o percerber a tua superioridade.
Cria um blog. As pessoas adorarão admirar a tua suprema intelectualidade.
Não tenhas religião. Sejas tu o teu próprio culto. O teu próprio deus.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

EXTREMOS

NADA é por acaso
TUDO é vaidade
NADA é para sempre
TUDO era verdade

TUDO sem nada não é
NADA.
TUDO de nada não foi
NADA

TUDO passa como
NADA acaba.
TUDO vale a pena
NADA de alma pequena

TUDO chega ao final quando
NADA mais existe. E vale
TUDO nesse jogo de
NADA

TUDO ou NADA?
A escolha é sua
TUDO por NADA
Ou NADA com TUDO

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Verso em branco

Olho para o papel e nada:
Por que me calas pensamento?
E o papel em branco.


Se não há nada a dizer o que dizes?
Sopro da alma, inquietação
Mesmo sem ter nada, alguma coisa há


Assim me invento e me recolho
a calados versos em branco
E a tinta não sai!


Escrevendo, escrevendo...
E não dizendo nada




Verso em branco!

domingo, 8 de agosto de 2010

O SONO

O Som do Sono é:
Silêncio,
vento
zumbido,
moSquito.
O Som deSSe Silêncio
é penSamento
Barulho Surdo
Que penetra a mente
Que não Se ouve e Só Se Sente
Esteja São ou doente
O Sono
Sempre é bem-vindo.
Dormir é morrer um pouco
Pra viver maiS

terça-feira, 27 de julho de 2010

SEXO EXPLÍCITO

Figos cortados,
Amoras,
Morangos silvestres,
doces, amargas,
FRUTAS SECAS
Pêssegos grandes
melancias
fartura
de toda a fruta
desfruta
melão
mas
 de 
toda fruta
fica o figo
lascado e
 mordido



PS: Contribuição generosa do grande amigo André dos Santos (coleraverbal.blogspot.com)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Mulher ideal



A mulher ideal é aquela
que desconheço
Branca, morena ou negra?
Índia, americana ou Japonesa?
Seja como for
Não sei quem é ela

Ela é pequena
grande
Mulher
ideal no total sentido da palavra

Que não seja perfeita
como as capas de revista
essas mulheres são feitas
em laboratórios
talvez nem sejam mulheres

Mulher, em essência
no puro prazer de ser
mulher que domina e manda
muito mais do que se pensa

Mulher que quando existe 
deixa de ser ideal,
ideal na idéia;
no real, perfeita!


terça-feira, 13 de julho de 2010

A MORDAÇA

Perdido no escuro
como cachorro mudo
pedindo ajuda de beco em beco
escondido no muro

Sou aquele que você não quer ouvir
o inconveniente 
o chato
incômodo
sujeira da rua

Te peço um cigarro
Te peço um trocado
Um pão? um bolo?
Me chama de drogado

Você não quer me ver
Eu te assusto
Sou invísivel
E não sou acessível

Não conheço o amor
você não me mostrou
me fizeram esse favor?
comigo o amor DANÇA

Esse amor que me cala

terça-feira, 29 de junho de 2010

É direito ser Humano?

Direitos humanos
para
humanos direitos!
Mas e se
não existe humano
que seja direito?


Todo ser
humano que seja
direito
(ou "esquerdo")
não deveria ter direito
e sim
deveria ter o dever
de ter direito.
Mas dever
é o ato do que não paga
o direito que é devido
logo dever deve ser direito de alguém.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Bem queridos que me leem, pela primeira vez na minha vida resolvi me arriscar em verso publicamente. Parafraseando o professor Girafales se referindo ao seu madruga eu peço a vocês: Não caçoem de mim. Levem em consideração de que se trata de um indivíduo sem nenhum preparo... e por aí vai


O Grito


Escrevo por não saber o que dizer
escrevo por não saber falar
digo o que não queria
mas escrevo pra que?
se não faz sentido
se não há ouvido
se nem tenho vivido
melhor é me calar
e me esconder (quem sabe)
atrás de um verso
afinal quando digo assim
não sou eu que digo
mas parte de mim

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Diário de um cabeçudo

Nasci em meio a muitas dificuldades, melhor dizendo, com muito esforço. Levei a falência o Hospital Santa Rosa, em Niterói, devido a enorme quantidade de faixa que foi utilizada para curar um ferimento na cabeça. O rombo nos cofres do hospital foi tão grande que ele nunca conseguiu quitar a dívida com a fábrica de faixa. Vinte anos após o meu nascimento o hospital não resistiu e faliu. Encarei uma série de processos por causa disso.

Cresci com dificuldade de andar, devido ao desequilíbrio cabeçal. Quando criança, jogando basquete, constantemente minha cabeça era quicada por confusão dos meus amigos. Minha mãe adorava o tamanho do meu crânio, pois não precisou comprar bolsa de feira. Ela usava o meu bonezinho para fazer as compras do mês. Com o tempo fiquei famoso e era conhecido por diversos nomes como: Moringa, racha-poste, maracanã, pirulito, fósforo, balão, cabeça-de-nós-todos, cabeça de jerimum, cabeça de alho entre outros.

Ainda na infância eu entrei pra uma banda marcial, na qual se usava um chapéu muito maneiro. Porém, não havia chapéu pro tamanho da jaca que eu possuía por sobre os ombros. Na primeira apresentação estavam presentes todos os meus familiares, equipados com câmeras e todo o arsenal para registrar aquele incrível “mico”. Eu consegui uma proeza: Tocar, marchar, e equilibrar o chapéu ao mesmo tempo. Mas tarde viram que aquilo estava ridículo e resolveram fazer um chapéu sob medida com 150 cm de diâmetro, ficou um pouco apertado, mas entrou.

Bem, eu cresci e finalmente descobri o meu espaço. Fui jogar futebol de índio (é aquele mesmo das cabeçadas). Bati o recorde do chute (cabeçada) mais forte. Cabeceava a 110 km/h (quase um Roberto Carlos com a cabeça).

Hoje eu sou líder do CA (Cabeças anônimas), onde ajudamos as enormes cabeças a lidar melhor com esse mundo preconceituoso para com nossas melancias. Também faço parte do projeto “Faça uma cabeça feliz”, onde fazemos campanhas para que as empresas de boné, chapéu, touca e outros objetos de por na cabeça, façam seus materiais com tamanhos compatíveis com nossas bigornas. Já conseguimos grandes avanços como alguns bonés e toucas com 1 m de diâmetro. Mas ainda não conseguimos atender a todos os portadores da MCLA (Massa Cefálica Levemente Avantajada). Mas estamos na luta. Enfim, essa é minha história e a de muitos também. Deixo aqui o meu apelo:

DIGA NÃO AO PRECONCEITO CABECEICO!

quinta-feira, 6 de maio de 2010


No meio da pedra não existe caminho.




Drummond

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?