segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dedo de poesia

O dedo cutuca o bom cético:
É o pior inferno, tom frenético.
Se digo que cutucas, te aborreço,
então calo-me, respiro, eu mereço

E por que cutucas este dedo?
Nervoso, parece-me com medo
Pois devolvo-te o cutuco abonado
Com mais força me sinto vingado

Dedo, dedo, maldito sejas
És grande, branco, pálido,
que medo!

Que não sejas infinito,
posto que inflamas,
Mas que seja mortal
e não me fure.

Instantes imprecisos

Andando vou seguindo sempre insento
Profundos mares se agitam em pranto
Surge no alto monte é sempre espanto
Nesse abismo que se chama pensamento

Gosto de nada, num profundo lamento
Vazios extremos, nem mesmo um canto
Procuro um alguém, uma espécie de santo
Melhor calar-me no escuro sentimento

Mas como os sentidos vão se perdendo
Razão, direção, profundidade, intento
sugerem que o tempo está morrendo

E como não sou de viver de momento
Morro de súbito claro, remoendo
choros passados, futuro pavimento