quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ode à Preciosa

Ó Precioso Líquido que purifica minh'alma
És doce, no ponto, com bolinhas.
Bem aventurado És,
pois sabes que sois belo e formoso
Bem sei que só podes ser inveção fantástica
Não podes ser real.
Bem aventurados os refrigeradores
que te mantém na devida temperatura
Bem aventurado o Teu criador
Que desconheço
Mas sei que foi de rara felicidade
Ao formaste
Coca Cola
Sílabas milimétricamente postas
Tu pareces ao mesmo tempo
do céu e do inferno
Sim, pois de ti
Sai tanto o bem quanto o mal.
Tu produzes A sensação de estar nas nuvens,
Porém o destino daqueles que de ti abusam
é condenação.
Mas saber apreciar-te como sei
É indescritível.
Gosto de beber-te
Ao calor do sol
e
De sentir o soluçar ao primeiro gole
Quando afoitamente me apercebo
sedento de ti.
Sei que sabes da tua preciosidade
És rara, és única!
Malditos sejam os imitadores
E tão maldita seja a coca zero
Que te tira toda a Tua graça
Ela é a pior por levar Teu nome
dando a falsa impressão de que és Tu.
Gosto de Tê-la em vidro
O mais sublime lugar para te colocar.
Maldito seja o Mc Donald's
Que frauda teu gosto adicionando
o que não é devido.
Tu não mereces essa blasfêmia.
E pensar que já andei por outras águas
Gastei dos meus recursos pra te traires
Mas hoje bem sei que tu és única.
E madita seja a pepsi e os bares do
pode ser.
Vos digo: NÂO! NÂO PODE SER!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Reflexões

Por ser quem eu sou
deixo pra ser
O que restou
De você

Por ser pra você
desaprendo
a ser o que era
pra ser

E sendo você
vale a pena esperar
Vale a pena pagar
Pra ver

Espelho de mim
completa
Reflexo do que de fato
eu sou

terça-feira, 17 de maio de 2011

Dores Pessoais

Mais dói a dor que sinto agora
do que a que sentira antes.
Aquela já nem parece doída
Mas esta me arranca a pele

A dor que senti doía quando sentia
Mas hoje quando não sinto
já não dói como dói
a dor que sinto agora.


Porém a dor que sentia era dor de verdade
Essa que agora sinto é dor em verso,
dor de vaidade

Por isso a dor de agora dói mais.
Por fingida, inventada
dói a alma, dói a pena.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

"Graças a Deus fizemos uma ótima viagem!"

Essa semana faleceu minha querida "vovó Élia". Com seus 84 anos, dona Élia agora descansa, mas sempre lembraremos dela. Escrevo esse texto como forma de homenagem a uma senhora que marcou a vida de muitos e tenho certeza não falar somente por minha experiência. Quero lembrar da vó sim como uma pessoa de muitas histórias (muitas engraçadas). Contarei algumas somente para lembrar.
Uma das histórias mais recorrentes aconteciam no natal. Mesa posta e a comida era sempre uma surpresa. Nunca sabíamos do que se tratava. Certa vez um dos deliciosos pratos da velha foi batizado carinhosamente de "Placenta de alien". O mais cruel de tudo é que nós comíamos com sorriso no rosto para agrado da vozinha.
Em outra oportunidade, dona Élia foi nos visitar no interior do estado, em Madalena. Tínhamos um pastor alemão chamado Toby (como o guaraná). Eis que a senhorinha acorda bem cedo, com sua camisola que ia até um pouco abaixo do joelho, tendo a brilhante ideia de chamar o cachorro. O pobre cão deu o azar de se enfiar por debaixo da camisola da vovó. E a velha gritando e o cachorro querendo sair daquela situação só que pela saída errada. Entre gritos e cabeçadas caninas na região perigosa, o cão exausto sai da zona do agrião aos espirros e tosses. Ficou noites "a fio" sem dormir e sem comer... Pobre cão florestal!
O título do texto é uma frase clássica da vovó. Ao fazer uma viagem homérica de niterói à madalena e meu avô passar mal a ponto de chamar diversas vezes o raul, minha vó solta a frase e meu avô sabiamente responde: "Só se for pra você né Élia?"
Hoje essa frase tem outro contexto. Tenho certeza que ao chegar no céu, quando perguntada como foi na terra ela pode muito bem ter dito: "Graças a Deus eu fiz uma ótima viagem!"

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ofício

Escrever é arte deveras nobre. Não se trata de descrever um sentimento de forma poética, mas de simular o que nunca poderemos sentir de fato. Escrever é desenhar em parede sempre branca, com tinta nem sempre preta. É não seguir a ordem. Ou segui-la de uma forma que só você saiba. Seja em verso ou em prosa, frente ou verso, de ponta a cabeça ou outra forma qualquer. Escrever é dizer, mesmo sem ter nada pra falar. Um grito da própria alma, mas sem revolta. FALAR, DIZER, GRITAR. Eis o ofício. Para escrever não pense muito. Não haja como em vestibulares e em redações, como se houvesse uma maneira correta de escrever. NÃO HÁ! O medo do erro trava a escrita e o belo passa a ser forçado. ESCREVA! Pela liberdade total de sua própria existência... Escrever é tirar a razão e o coração e deixar a tinta solta. Escreva e não apague! Jamais apague uma escrita. Sempre terá uma utilidade para toda escrita bruta... E assim são os poetas! E como estou longe deles! E como estou longe de mim mesmo!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

PALAVRA

A PÁ LAVRA
A PALAVRA LAVRA
A PÁ cava 
A PALAVRA cava
A PALAVRA é LAva
A LAva CAVA
Mas não LAVRA
Nem LAva
Resta a PALAVRA
raRA 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Antes e Depois

Se eu tivesse dito tudo antes
O depois seria agora.
Mas "agora já passou"¹
Não posso voltar à hora.

E se eu pudesse mexer no tempo
Não diria nada do que já havia pensado
Faria tudo igual e me mantendo inerte
Choraria de novo o leite derramado²

Estava ali. Diante de mim e eu sabia
Era ela. Era sim. Ela que podia
Ser aquela. Sim ela que esperei
Antes e depois

Faltou falar! Faltou falar!
Vinha a palavra na boca
E ali ficava. Não saía nada
E olha que eu falava. E como falava!

Falava sem dizer uma só palavra

Antes eu pensava que eu era grande.
Antes eu pensava que eu era.
Antes eu pensava.
Antes eu era eu.

Depois veio você que eu não sabia quem era.
E talvez ainda não saiba
Quem era eu e quem é ela?
Agora não sei mais nada.

E ficará faltando um verso.
Talvez dois...
Antes e depois


[1] Poesia "Agora" de Arnaldo Antunes
[2] Chico buarque