domingo, 20 de fevereiro de 2011

"Graças a Deus fizemos uma ótima viagem!"

Essa semana faleceu minha querida "vovó Élia". Com seus 84 anos, dona Élia agora descansa, mas sempre lembraremos dela. Escrevo esse texto como forma de homenagem a uma senhora que marcou a vida de muitos e tenho certeza não falar somente por minha experiência. Quero lembrar da vó sim como uma pessoa de muitas histórias (muitas engraçadas). Contarei algumas somente para lembrar.
Uma das histórias mais recorrentes aconteciam no natal. Mesa posta e a comida era sempre uma surpresa. Nunca sabíamos do que se tratava. Certa vez um dos deliciosos pratos da velha foi batizado carinhosamente de "Placenta de alien". O mais cruel de tudo é que nós comíamos com sorriso no rosto para agrado da vozinha.
Em outra oportunidade, dona Élia foi nos visitar no interior do estado, em Madalena. Tínhamos um pastor alemão chamado Toby (como o guaraná). Eis que a senhorinha acorda bem cedo, com sua camisola que ia até um pouco abaixo do joelho, tendo a brilhante ideia de chamar o cachorro. O pobre cão deu o azar de se enfiar por debaixo da camisola da vovó. E a velha gritando e o cachorro querendo sair daquela situação só que pela saída errada. Entre gritos e cabeçadas caninas na região perigosa, o cão exausto sai da zona do agrião aos espirros e tosses. Ficou noites "a fio" sem dormir e sem comer... Pobre cão florestal!
O título do texto é uma frase clássica da vovó. Ao fazer uma viagem homérica de niterói à madalena e meu avô passar mal a ponto de chamar diversas vezes o raul, minha vó solta a frase e meu avô sabiamente responde: "Só se for pra você né Élia?"
Hoje essa frase tem outro contexto. Tenho certeza que ao chegar no céu, quando perguntada como foi na terra ela pode muito bem ter dito: "Graças a Deus eu fiz uma ótima viagem!"

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ofício

Escrever é arte deveras nobre. Não se trata de descrever um sentimento de forma poética, mas de simular o que nunca poderemos sentir de fato. Escrever é desenhar em parede sempre branca, com tinta nem sempre preta. É não seguir a ordem. Ou segui-la de uma forma que só você saiba. Seja em verso ou em prosa, frente ou verso, de ponta a cabeça ou outra forma qualquer. Escrever é dizer, mesmo sem ter nada pra falar. Um grito da própria alma, mas sem revolta. FALAR, DIZER, GRITAR. Eis o ofício. Para escrever não pense muito. Não haja como em vestibulares e em redações, como se houvesse uma maneira correta de escrever. NÃO HÁ! O medo do erro trava a escrita e o belo passa a ser forçado. ESCREVA! Pela liberdade total de sua própria existência... Escrever é tirar a razão e o coração e deixar a tinta solta. Escreva e não apague! Jamais apague uma escrita. Sempre terá uma utilidade para toda escrita bruta... E assim são os poetas! E como estou longe deles! E como estou longe de mim mesmo!