Essa semana faleceu minha querida "vovó Élia". Com seus 84 anos, dona Élia agora descansa, mas sempre lembraremos dela. Escrevo esse texto como forma de homenagem a uma senhora que marcou a vida de muitos e tenho certeza não falar somente por minha experiência. Quero lembrar da vó sim como uma pessoa de muitas histórias (muitas engraçadas). Contarei algumas somente para lembrar.
Uma das histórias mais recorrentes aconteciam no natal. Mesa posta e a comida era sempre uma surpresa. Nunca sabíamos do que se tratava. Certa vez um dos deliciosos pratos da velha foi batizado carinhosamente de "Placenta de alien". O mais cruel de tudo é que nós comíamos com sorriso no rosto para agrado da vozinha.
Em outra oportunidade, dona Élia foi nos visitar no interior do estado, em Madalena. Tínhamos um pastor alemão chamado Toby (como o guaraná). Eis que a senhorinha acorda bem cedo, com sua camisola que ia até um pouco abaixo do joelho, tendo a brilhante ideia de chamar o cachorro. O pobre cão deu o azar de se enfiar por debaixo da camisola da vovó. E a velha gritando e o cachorro querendo sair daquela situação só que pela saída errada. Entre gritos e cabeçadas caninas na região perigosa, o cão exausto sai da zona do agrião aos espirros e tosses. Ficou noites "a fio" sem dormir e sem comer... Pobre cão florestal!
O título do texto é uma frase clássica da vovó. Ao fazer uma viagem homérica de niterói à madalena e meu avô passar mal a ponto de chamar diversas vezes o raul, minha vó solta a frase e meu avô sabiamente responde: "Só se for pra você né Élia?"
Hoje essa frase tem outro contexto. Tenho certeza que ao chegar no céu, quando perguntada como foi na terra ela pode muito bem ter dito: "Graças a Deus eu fiz uma ótima viagem!"