segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Acordado entre nós



Tinha gosto de bala,
não sei se dela ou meu.
Tinha mãos molhadas,
quentes e frias,
um breu.

Mas era claro no escuro
e tinha cara de briga,
tinha gente no muro
uma lagoa, um chafariz
e eu

Tinha gente passando,
assobios covardes.
Tinha aula do lado,
e um livro aberto
errado.

Mas tinha ela
de trancinha e fita,
cheiro de amora,
 rosada e bonita

Sem resistir à tentação
daqueles olhos grandes
nos meus que viam
bem menos do que antes

Mas antes nada via
de verdade.
Foi depois da miopia
que me abriram os olhos

no inevitável contato
de lábios intrusos
com pressa e sem jeito,
sentidos difusos

Estava acordado
entre nós.
Dois corações parados

Olhos fechados,
Olhares espertos,
corações parados
e um eu desperto. .

E nunca mais dormi.

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